terça-feira, 1 de maio de 2012

Exigências alheias

É duro quando as exigências do mundo lhe colocam contra a parede e você se vê forçado a atender às solicitações. Não se trata de uma revolução ou rebeldia diante do cotidiano. Não é um protesto nem, muito menos, o cruzar dos braços para as ações que devem ser empreendidas. É, somente, um desabafo e talvez, quem sabe, um convite à reflexão.
Mas a questão é – e ninguém pode duvidar – que por vezes gostaríamos de não ter que cumprir com as requisições, com as cobranças e com as necessidades outras e de outros. Como dizem os poetas: arre!!!!
Sem muita escapatória lá estamos a exercer a função de atendente das urgências alheias. Sim, urgências sim! Para o outro, as suas querelas são sempre “p’ra ontem” e ai de nós se não estamos prontos a ouvir e agir em benefício de quem nos clama. Somos mesquinhos e indiferentes ao gigantesco problema que lhe aflige. Estamos tão frios que somos incapazes de enxergar o imenso maremoto onde se encontra o solicitante. Verdadeiramente somos maus.
Pois quem de nós aqui nunca sofreu desta acusação? Quem, entre todos, não se deixou levar pelo alarido e terminou por se redimensionar na tentativa de auxiliar a quem, na descrição dos atos e fatos, criou quimeras sem tamanhos?
Então, meus nobres, hoje, não serei surdo aos apelos, mas confesso, de antemão, que não estava com a menor vontade de escrever. Entretanto, aí vai mais um devaneio.
Lembre-se: não se deixe cobrar tanto. Não porque a cobrança perca seu sentido, mas recorde-se sempre da sua condição também humana de falhar, não por ansiar o erro, e sim por se dar conta que não somos competentes de gerir socorro cem por cento do tempo, até porque, cá entre nós, nem de tempo entendemos.

Um comentário:

  1. Nossa Daniel dá pra escutar sua voz lendo este texto, engraçado isso, mas é verdade, cobramos demais dos outros e damos migalhas ao mundo. Lindo texto como sempre!

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