terça-feira, 15 de maio de 2012

A lição de Subramani


Subramani passou o tempo necessário e exigido pelas normas do mosteiro a estudar e a aprender a conviver com o seu próprio silêncio. Quantas vezes lhe doeu na alma o esforço de calar a voz da mente. Sua dedicação suplantava os incômodos ocasionados pela austeridade. Entretanto, antes de compreender de forma mais ampla os objetivos da formação, ele fora assaltado algumas vezes, em determinados momentos de sua preparação, por pensamentos tolos: “Quem estaria dentro da minha cabeça para saber que estou pensando? Relaxava e se despreocupava naquelas “folgadas estripulias” da mente. Invariavelmente, surgia ao seu lado algum monge mais velho e a reprimenda era certa! “Pare de pensar, Subramani!”

“Mas como é possível que ele saber que eu estou pensando?”

“Caro Mestre, o senhor lê mentes?” perguntava inocentemente o aprendiz.

“O dia que receber sua ordenação terá compreendido como se faz. Nada de leitura de mente, meu jovem... nada disso! Tudo a seu tempo.. Você aprenderá.”

Seguiram-se os anos e todo o tempo das lições trasncorreram até que chegou finalmente o dia de receber na fronte o sinal carmim das cinzas monásticas. O preparativo era lento, mas transparecia no ar circundante a alegria do dever cumprido de todos os envolvidos. Jejum, abluções e muita oração completavam aquele dia especial.

O som sagrado initerruptamente ecoando pelo saguão anunciava o início do evento. Entraram todos os mantos alaranjados, contritos e serenos. Terminada a saudação ao Grande Senhor do Templo, ornado de uma guirlanda vermelha e branca, o silêncio fez morada.

Tudo se orquestrava sem nenhuma palavra. Inclusive o instante em que Subramani surgiu no corredor central à porta do salão. Parecia que seus pés não tocavam o chão no deslocamento em direção ao sacerdote que oficiava a cerimônia. Em um clima de profunda paz, os traços paralelos foram feitos na fronte do noviço. Do canto dos olhos duas pequenas e brilhantes lágrimas corriam em sinal de júbilo por haver chegado à meta. Estava pronto e ordenado. Rompendo o silêncio, o monge mais antigo, mesmo com um tom suave, revela a última prova:

“Jovem Subramani, olhando para todos estes irmãos aqui sentados em meditação, diga-me, qual deles está pensando?”

Tomado pelo susto, pois ninguém lhe havia dito que passaria, em público, por aquela provação, o recém-monge enguliu em seco e sem poder perguntar nada, observava a tensão no ambiente a espera de sua resposta. Assim, movendo no seu íntimo tudo que poderia estar armazenado e que lhe serviria de base para a resolução do mistério, voltou o seu corpo compassadamente e observando a cada um, após algum tempo, apontou para um dos monges.

“E como você sabe que aquele monge não está com sua mente vazia?”

“Simplesmente porque percebo que, ao contrário dos demais, ele tem movimentos faciais mais intensos. A testa se franze, ainda que levemente. O canto dos lábios se elevam involuntariamente. São detalhes mínimos, mas são os únicos indícios que consigo detectar.”

“Muito bem, Subramani. Eis o seu maior ensinamento: O olhar, janela da alma, quando está atento consegue desfazer as fronteiras entre o visível e o impalpável. Só a mente quieta é capaz de enxergar a plenitude a ponto de 'ouvir' o silêncio e distinguir das confusões dos levianos pensamentos. Leve consigo esta lição e seja feliz em sua missão de tocar os homens com a sua paz! Vai e cumpra com o seu prarabda-karma.”

3 comentários:

  1. aaaaah então é assim né rsrsrs, muitas vezes eu brincava dizendo que eramos pra ter cuidado até com o que se pensar perto de você e alguns outros da assoc. pq parecia que vcs leem nossas mentes rsrsrsrsrs, muito bom, ótimo como sempre.
    grande bj

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  2. Vivi: todo bruxo tem seus segredos..... hehehehhehe

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  3. hum... :( me ensina???
    hahahaha

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