terça-feira, 6 de setembro de 2011

Tempo, senhor do tempo?


Numa “conversa de bêbados” (absolutamente sóbrios) da qual participava, escutei uma frase nada original, mas magistral: - Maior do que o poder do sol, só o tempo. Lembrei-me de todas as instâncias em que o “magnânimo” senhor me espremeu e me fez atestar realmente o seu controle e a sua predominância sobre a vida. Não só porque a ele atribuem a cura de todos os males, como também, outorgam-lhe a gerência dos esquecimentos. Quem, dentre os mortais, nunca ouviu dizer que “com o tempo tudo passa”. Cabe-nos as inquietações: A quem é confiada a tarefa de fazer passar? Seria o Tempo o articulador dos mecanismos ou repousa sobre nossos ombros a capacidade de nos engendramos em tantos outros acontecimentos que rejeitamos as dores do passado e terminamos por esquecê-lo?
Fez fama o Tempo e ele, poucas vezes, deu crédito aos participantes do processo, ou seja, cada um de nós. Não o culpo, pois diante de nossas faces ele sempre expôs o rosto pronto às críticas. Quem não o esbofeteou, não o fez por não querer (ou por não saber, tanto faz!). Mas aqui sempre esteve e estará.
Não vou adonar-me da responsabilidade de dar a conhecer aos homens o quanto podemos também ser coautores do controle das nossas emoções e de nossos olvidos. Porém, faço questão de ser uma voz que se une aos tantos que resvalam na suspeita de que também podemos estar no leme de nosso viver. Ó objeto translúcido do mais fino cristal, ampulheta que és, dou-te até a prerrogativa, no movimento do teu escoar, de seres invocado como Senhor do Tempo.

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