terça-feira, 13 de setembro de 2011

Ampulheta


Perguntaram-me por que “ampulheta”? O que tanto a questão do tempo aparece em meus devaneios como um fato a ser comentado e observado? Sem titubear, pois a resposta não precisava de reflexão, fui taxativo: dois são os motivos que me levam a ter naquele objeto a minha atenção.
Primeiro porque o tempo é inexorável; ninguém pode detê-lo. Isto sempre me assombrou e me atraiu, como dois sentimentos que caminham paralelos em mim. Em outros termos, para melhor me expressar, é dizer que devido as areias que escorrem terminamos por nos defrontamos com a nossa incapacidade de retroagir e diante do implacável (que é o tempo) atentamos para a nossa pequeníssima e frágil dimensão frente à existência.
O segundo motivo (nem por isso secundária razão) é o da possibilidade de fazer girar as âmbulas, passado o último grão de areia. Aferro-me a isto tal qual criança que não pode perder a sobremesa. Dá-nos a vida outras chances, não de refazer o já passado, mas de empreender novas formas de experienciar, tornando instigante e excitante o movimento da inversão do relógio do tempo. Uma vez mais, coloco-o “ɐɔǝqɐɔ ɐʇuod”.

2 comentários:

  1. O tempo me assusta! Como Nanna cantou: "...Ele zomba do quanto eu chorei, porque sabe passar e eu não sei..." Mas, às vezes, eu acho que é bem o contrário, ele zomba de mim porque não passa e eu sim. Belo texto!

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  2. É Zito. O tempo não me assusta (na questão de temê-lo) mas por ser ele avassalador, instigante e excitante ao mesmo tempo. Aí reside o seu fascínio.

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