terça-feira, 20 de setembro de 2011

Compromisso e comprometimento


Aos compromissos podemos até faltar. Para tanto, uma boa desculpa, arquitetada e verossímil, pode convencer. Os compromissos são frutos de agendamentos e quanta vez são formalizados tão antecipadamente que corremos o risco de esquecê-los! Os compromissos envolvem mais de uma pessoa e mobilizam muitas atitudes para o seu cumprimento. Compromisso é data, é local, são condições. É um alerta temporal, com estabelecimento de critérios de início e fim, independente da largura que possa existir entre um e outro. Você, julgando-se capacitado, aceita o compromisso e espera o momento dele se concretizar.

O comprometimento é moral e se alimenta do seu foro íntimo. Ninguém precisa lhe cobrar – e nem conhecê-lo. Comprometer-se é mais do que aceitação. É escolha e recuperação. Um resgate de autorregulação, não com a dor da consciência, mas pelo prazer da construção da clareza do que se sabe ser capaz. Comprometimento pode, inclusive, ter data para iniciar e acabar, mas não se prende ao calendário como fonte primária de observação. O tempo é só uma consequência.

Há aqueles que lidam (e bem) com a convivência do compromisso com o comprometimento simplesmente porque não se deixam oprimir pela cobrança das relações interpessoais. Eles transitam entre os dois de forma tão acertada que esfacelam a necessidade das diferenças e esvaziam o sentido contraditório dos conceitos. São sábios pois não utilizam nem os compromissos e muito menos os comprometimentos para agirem em prol de um bem maior: a fé na certeza da missão de viver no mundo.
No fundo, no fundo, comprometem-se no sentido mais puro da palavra, qual seja, ser o local por onde flui a verdadeira complementariedade dos termos.

3 comentários:

  1. Embora eu possa não ter concordado 100% com esse seu texto, esse até agora é o meu segundo favorito: as três palavras chaves dele estão muito latentes para mim essa semana. Excelente texto!!!

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  2. Poxa..mas pq vc nao concorda? Não que eu ache que deve haver concordância dos 100% sempre... mas as divergências apontas são uma salutar discussão que engrandecem a ambos. Com isto vc concorda? hehehehehehhe

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  3. Por mais que apreciemos as obras do outro, jamais a concordância será plena. Somos seres completamente diferentes e assim são nossos pensamentos e valores. E viva a diferença!!!

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