Na caminhada lenta e compassada, o homem ia descortinando o caminho. A estrada, talhada, longa e reta, estimulava o andar, e ele, pela sensação de liberdade dada pela brisa que suavizava o esforço, tomava mais e mais impulso.
Devido ao conforto e à segurança do trajeto, aumentava o ritmo. A velocidade foi tanta que fez substituir os seus pés humanos por firmes patas bem plantadas no trotar.
Agora, o galope do corcel ganhava o chão e levantava um rastro de poeira diante dos olhos dos que o quisessem acompanhar. Zás...! Nem tanto ao longe, a visão do animal conseguiu detectar o fim da senda, fazendo com que o coração batesse mais rápido que o próprio galgar desenfreado de quem ganha a vida! Se era abismo, optou por desconhecer o perigo disto e sem retroceder, aumentou a corrida. Lançando-se para o penhasco a fim de que a adrenalina da morte lhe desse as asas, tornou-se ave altaneira.
Plainou no ar até recuperar as forças necessárias para o mergulho no vácuo entre as paredes rochosas e gigantescas do cânion. Tal como flecha que busca seu alvo, seu corpo encontra a barreira do espelho d'água e na profundeza do rio, brotam as escamas e nadadeiras que lhe dão a mobilidade do movimento. Lá se vai, correnteza afora, para encontrar a foz e tornar-se grande oceano de paz.
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