terça-feira, 31 de maio de 2011

Seguem Eros e Narciso

Antes de me acusares como o subversivo do instaurado, dá-me a oportunidade de falar. Não te peço licença para me justificar. O que estou pleiteando é o espaço dos argumentos. Não tenho – e por certo não terei – a intenção de mudar as imagens e nem, muito menos, anseio lançar-me na autoria da desmitificação. Esse certamente não sou eu. O que faço, e isto permito-me assinar, é reposicionar-me diante do discurso repassado através do tempo. Complicado? Não! Basta ter calma e deixar que eu explique.
O que emoldura o meu cenário é a hipótese muito plausível de um instante anterior ao que foi legado à humanidade. Refiro-me ao encantamento narcísico. Todos aceitam a verdade da cena na qual o jovem se enebria de si mesmo, mas poucos retrocederam no jogo para questionar outras hipóteses como a que minha veia inquieta lançou. Por que seria tão absurdo que Eros tivesse chegado antes e, cumprindo com o que lhe é missão, houvesse disparado sua flecha na alma do menino? Ó crueldade dos ímpios, quantas vezes foste tu mesma que buscaste desculpas para o amor? Permite que eu potencialize outras possibilidades que não só as restritas consagradas. Narciso apaixonou-se sim, mas não unicamente devido a uma maldição lançada. Houve sim, naquele local uma confluência dos atos e, na concordância do acaso, vi juntarem-se a magia, o desejo e o destino.
Eis então, querendo tu ou não, o resultado do que penso ser processo: Não há mergulho em si mesmo se não existe a presença prévia de um Eros.

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