Diante de mim, a sucessão de portas... a alternâncias e a variedade de oferecimentos não representavam a bondade de quem quer ajudar. Claro que não! Era sim a picardia de fazer com que o selecionador, no caso eu, paralisasse ante as incertezas e das dúvidas.
Num primeiro instante, a dicotomia se fazia representar pelo vacilo inevitável do susto e pela imperiosa necessidade de seguir. As duas opções por si só excluíam quaisquer outras possibilidades. Não havia nada que colaborassem com a dissuasão da confusão, restava somente o risco da escolha.
Fui...
Já do outro lado, cruzado o umbral, fechada a porta, era hora de seguir.
Os olhos ainda ardendo devido à transposição do ambiente, era o começo da adaptação aos novos tons de luminosidade do lugar.
Neste fragmento de tempo, alguns se apavoram e pensam que jamais voltarão a ver com a mesma plenitude de antes. Aí repousa a primeira sensação de fracasso que pode levar a perder a oportunidade da experimentação. Tempo... tempo.. tempo.... Tempo de esperar, tempo de se acostumar, tempo de entender o que faz parte do inédito. Não conseguindo, muitos se boicotam e desesperados estancam.
Passado o sufoco inicial, pé ante pé, lanço-me na tarefa de gerar movimento. Aguçam-se todos os meus sentidos conhecidos e chego a imaginar que existem outros que nem me dou conta. Estudando o espaço com o corpo, esbarro nos obstáculos, resvalo na incerteza do solo, sinto o vazio dos empecilhos, respiro com cuidado para não deslocar o desnecessário... É assim que, promovida a seleção, devo manter-me até que após longa convivência, o que era ignoto se aproxima do domínio do conhecimento.
E a vida, essa voraz desestabilizadora, quando me vê mais seguro, torna a apresentar no final do percurso outro feixe de portas para renovar o processo da escolha.
Então, lá vou eu outra vez!
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