terça-feira, 17 de maio de 2011

Em paz!

Tudo começa realmente pela percepção do entorno. Antes mesmo de uma avaliação criteriosa, as primeiras impressões constroem um conceito, ainda que este possa ser posteriormente refeito com bases mais sólidas de conhecimentos e informações mais fidedignas. Mas, inegavelmente, o princípio parte da sensação.
Assim, tem início a brisa. As folhas e os pedaços de tantas outras coisas espalhados no chão denunciam que se aproxima o vento. Tudo se move! Quanto mais o tempo passa, mais se entende do que se trata. Aumenta a intensidade do ar em movimento. O corpo oscila, a poeira atrapalha a visão, a temperatura também muda.
O embate se faz! Não há como fugir. As vozes, em tons tão diferentes, daqueles que assistem colaboram com a surdez e há pouco espaço para a lógica do pensamento. É a aproximação do redemoinho que paralisa a ação.
Dói e assusta o instante exato em que o tufão toca a pele. A solução é enrijecer o corpo e resistir ao que vem de encontro.
Enquanto o pó e os destroços que formam o vendaval chegam não existe raciocínio. Permanecem o incômodo, o medo e o desconhecido. A única coisa a fazer é nele entrar (ou se deixar engolfar). Eita transição amarga e aviltante!
Estando em meio ao giro frenético do destempero da natureza, a angústia aperta a garganta, o grito não sai. O tempo perde os ponteiros e parece infindável. Tudo roda, entontece e entristece.
Vencidos esses eternos segundos, lá no centro da confusão, uma situação, no mínimo, mostra-se insólita. Um silêncio impressionante e uma ausência de turbilhão. Os olhos enxergam o lado de fora e percebem que ainda resistem os que se apavoram e gesticulam corpos e mentes. Não se ouve o que dizem e não se entende o que sinalizam, mas o fato é que ali, enquanto a velocidade centrifuga à volta, o olho do furação é o estado a ser vivido em paz!

2 comentários:

  1. Bem, se em meio a esse "furacão" encontras a paz, é sinal de que no mínimo és mais evoluído que muita gente. Espero um dia, quem sabe, poder abstrair o "furacão" e me concentrar na PAZ! Belo texto!

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  2. Meu nobre... Concordo com vc que pode parecer devastador... mas já está ate provado cientificamente que no olho do furacão realmente o estado é de quietude. Onde tudo parece ser redemoinho, sempre existirá um local de proteção e isenção (na medida do possível). Há até um livro sobre o tema de MURILLO NUNES DE AZEVEDO.

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