terça-feira, 16 de outubro de 2012

Declaração


Amo as palavras! E o prazer que elas me proporcionam vem da íntima relação que estabelecemos desde os meus primeiros balbucios, onde vi nascerem as significações que aproximaram as pessoas. Representações incompreensíveis para a grande maioria, mas que ganhavam corpo dentro do seio familiar. Aí teve início essa história de amor.
Adoro-as devido à mágica que delas emerge quando se juntam, separam-se e tornam a se amalgamar numa incontável possibilidade de descreverem a vida. Rompem as barreiras do tempo e esfacelam o espaço, ocupam lugares e retorcem ponteiros.
Admiro-as pelo valor que dão aos tons do mundo. Contam e recontam as histórias, mudam os rumos, perdoam as derrotas. São a vitória dos que dela fazem bom uso e o algoz dos tropeçantes usuários.
Como disse o poeta – e em minhas mal-traçadas interpretações, reinvento: as palavras ou dão vida, ou podem matar.
Mergulho entre as encantadoras vozes que me levam a “mares nunca d'antes navegados” num bailado entre o profundo e o superficial que jamais me afoga. Roçamos nossos corpos, vivemos nossas emoções, sangramos nossas dores e rimos das tolices mais banais. Amo as palavras que conheci e já quero as que nunca vi. Sem conhecer divórcio entre nós, será eterno pois, ainda que chama, jamais se extinguirá.

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