Amo as palavras! E o prazer que elas me proporcionam vem da íntima
relação que estabelecemos desde os meus primeiros balbucios, onde
vi nascerem as significações que aproximaram as pessoas.
Representações incompreensíveis para a grande maioria, mas que
ganhavam corpo dentro do seio familiar. Aí teve início essa
história de amor.
Adoro-as devido à mágica que delas emerge quando se juntam,
separam-se e tornam a se amalgamar numa incontável possibilidade de
descreverem a vida. Rompem as barreiras do tempo e esfacelam o
espaço, ocupam lugares e retorcem ponteiros.
Admiro-as pelo valor que dão aos tons do mundo. Contam e recontam as
histórias, mudam os rumos, perdoam as derrotas. São a vitória dos
que dela fazem bom uso e o algoz dos tropeçantes usuários.
Como disse o poeta – e em minhas mal-traçadas interpretações,
reinvento: as palavras ou dão vida, ou podem matar.
Mergulho entre as encantadoras vozes que me levam a “mares nunca
d'antes navegados” num bailado entre o profundo e o superficial
que jamais me afoga. Roçamos nossos corpos, vivemos nossas emoções,
sangramos nossas dores e rimos das tolices mais banais. Amo as
palavras que conheci e já quero as que nunca vi. Sem conhecer
divórcio entre nós, será eterno pois, ainda que chama, jamais se
extinguirá.
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