Trupiquei no emaranhado das linhas do tempo, não por distraído ou
desatento. Mesmo não querendo ser enredado, acabei caindo nas tramas
daquele novelo multicor. P'ra me livrar tentei de tudo, soprei o
embolado tal qual me ensinara, certa vez, minha tia-avó. De nada
adiantou, estava trucando. Busquei entender a lógica antes de
empreender a tarefa de separar cada fio. Foi em vão! Logicidade, se
havia, não era p'ro meu entendimento.
Parei de relutar p'ra não cansar. E sabe que começou a acontecer o
que eu temia? Acabei me acostumando. “É a convivência!” Alguns
diziam. Outros, mais sarcásticos e derrotistas, bradavam “Tem
jeito não. Abre mão de fazer força! Deixa de ser bobo (p'ra não
dizer otário)”
Ali, aboletado, quase estatelado, no chão. As linhas passavam por
cima de mim da forma como elas queriam e sabiam. Não estavam nem aí
p'ra mim. Nem permissão me pediam. “Com licença” então, nem
pensar!
Recuperando o fôlego da peleja, iniciei meu processo de indiferença
para com elas, até que, refeito do susto, apoiando-me em mim mesmo,
ergui-me e de soslaio controlava qualquer movimento que aquele bobolô
pudesse ter na tentativa de me derrubar novamente. Pé-ante-pé,
levantei-me. Arriscava um passo, outro, mais outro e, ainda, mais
outro até que, numa distância considerada razoável, bati em
retirada.
Tempo,tempo tempo, vocês podem até me pegar n'outra esquina. Mas
que vão ter trabalho, lá isso eu garanto!!
Olá, Daniel. No emaranhado do seu tempo estive, mesmo que de passagem... aliás, somos todos passageiros mesmo, não? Então, é preciso saber driblar os nós, se enlaçar pelas tramas sem deixar embolar, porque os nós tentam nos aprisionar, mas tenho uma receita para isso: dizem, lá na roça de onde venho, que esse emaranhado se dissolve naturalmente se você se concentra em pensar em alguém muito fofoqueiro. Contam que dá certo... às vezes, é mesmo questão de desviar o foco, e ir mexendo no bololô sem esperar muito dele mesmo, sem querer, à força e no teu tempo, desatar, desfazer o emaranhado. Assim como nós, as coisas também têm o seu próprio tempo. Beijo! Rosimere Ferreira
ResponderExcluirOlá, Rosi. Obrigado pelos comentários. Apesar da angústia que nos avassala, é mágica essa chance de lidar com o "bololô", não é mesmo????? Enquanto isso, vamos, na praça, dando milhos aos pombos... hehehehe... Bjs
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