No dia de hoje, peço-lhes permissão para que eu me afaste um pouco
dos meus devaneios para poder falar de alguém que soube ser na vida
um filho de Deus.
Sua história é tão singular que mesmo diante de todos os dogmas
estabelecidos pelas congregações, inclusive uma das mais poderosas
(a Igreja Católica), ele foi exceção. De um modo geral, os que são
reconhecidos no mundo ocidental como santos passam a ter suas datas
festivas por ocasiões grandiosas como os seus nascimentos. Nem isto,
a egrégora de Francisco de Assis, respeitou (com todo respeito!).
Não se comemora o dia do Santo italiano pela data do seu natalício
– muito menos pelo dia de sua morte. Muito de sua biografia já
consta no ideário da humanidade e muito do que dele se sabe
mistura-se a questões poucos comprovadas. Mas o que isto importa?
Alguns
só acham que Francisco era um santo que falava com animais.
Entretanto, ele foi muito mais! Giovanni
di Pietro di Bernardone foi alguém que, havendo experimentado a
vida, optou seguir o seu coração. Coragem para deixar o luxo não
deveria ser o tópico mais importante daquele jovem. O que o torna a
expressão da Comunhão com o Divino não é o abandono puro e
simples dos bens materiais. O que define a personalidade desse filho
de comerciante é a submissão à crença de que o Ser Supremo lhe
falou à alma! Quantos homens também investem no abandono do lar,
das posses e das relações sociais e nem por isto se tornam santos?
Francisco não era, como se costuma dizer, “morno” com relação
a Deus. Isto santificou a sua história. A imagem bucólica desse ser
humano (na concepção mais plena de humanidade) ultrapassa os
passeios no campo, o afago na cabeça dos bichos ou as pombas em seu
redor. Francisco, muitas vezes, foi austero e inflexível; foi duro e
irredutível. Não por teimosia, mas por absoluta certeza de que na
Terra sua missão era a libertação da alma.
No dia em que se comemora a chegada de seu corpo, já sem o alento
vívido, à cidade de Assis para o seu sepultamento, minha voz se
unem a de tantos outros que como eu louvam este louco de Deus.
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