De perto, no mesmo nível em que estão os meus passos, não compreendes as voltas dou. Buscas entender as razões que me fazem caminhar por entre as imaginárias paredes do labirinto que tu inventas (não eu) para justificar os meus movimentos. E por ali vou, retorno, passo novamente diante de ti, sentes minha presença ritmada a tua retaguarda, incansável! E das voltas que dou, mais voltas dão os teus pensamentos. Emaranha-te neles! Não falas, não pedes explicações e permaneces a te remorderes no intuito de buscar plausíveis motivos para o que estou fazendo.
Devido a tua necessidade de entendimento ser maior do que a da tua confiança, és alçada a andares muito mais altos do que aquele que estavas. E de lá – aí sim – percebes o que meu trilhar fazia: tecia, fio a fio, com esmero e cuidado, a tela do que é amar. Na paisagem que agora vês, consegues enxergar de longe o que teus olhos não foram capazes de perceber ao meu lado. Infelizmente, tarde no tempo! No inexorável tempo que aplaca as possibilidades de retorno. E de onde te encontras, só te resta a observação, pois antes de confiar, teu senso tentava adivinhar pelo juízo de teus valores sem me dar a chance de terminar a obra que para ti fazia.
Curiosa é esta diferença entre as distâncias dos planos, que oferece a quem está junto uma oportunidade de exercitar a certeza e dá aos que afastados estão a única possibilidade de lamentarem o que não puderam aproveitar.
Sigo na labuta a espera de para quem possa oferecer meu tecido e tu, se quiseres, poderás prosseguir a mirar o meu tear.
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