Quase como protesto, dei-lhe as costas (mesmo sabendo que ela permaneceria ali). Deparei-me com o azul mais escuro que o marinho, salpicado de luzes intermitentes – chamam-nas de estrelas, creio! - e qual não foi minha surpresa a derrubar minha fama de responsabilidade: era sim meu corpo quem criava a sombra, mas era a luz da lua a propulsão! Decepção!
Por bom tempo, meus olhos fitavam o contorno redondo do branco que se destacava naquele marinho mais marinho ainda. Tempo... tempo.. tempo. De golpe, assaltado pelos pensamentos que tentavam entender a dicotomia de quem era mais produtor da sombra, ela – a lua – ou eu, surge o estalo (dizem os doutos “insite”): nem um nem outro! De onde vem a tua luz, inspiração dos apaixonados e candeeiro dos loucos? Dirigia minha indagação ao satélite. É também reflexo mais distante que imaginas. Eu mesmo respondia. O que brilha, na verdade, é o que te toca oriundo das sobras do caminho entre a tua superfície, tão descontrolada como a que eu pisava, e o sol.
Sem vingança ou revanche (não adiantariam), rendi-me: a sombra era a consequência do sol!
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