terça-feira, 10 de abril de 2012

Sombra esmaecida


Soou forte, no vento, o estrondoso mote: A morte!
Se quis assustar-me, perdeu a oportunidade, pois não é de susto que eu a alimento.
O meu intento é revertê-la, muito mais do que sorvê-la!
Se queria a sombria manceba palmilhar os centímetros das vidas, aviso-lhe, logo de supetão: não será comigo então!
Vou léguas distantes e no murmúrio do silêncio restante, ouço uma risada amarela e pouco vibrante. Pobre coitada: não mais galopante.
O seu empenho não me refreou o ímpeto, nem ao menos paralisou a consecução dos meus dias.
Se objetivava confundir meus conceitos a respeito, alerto: esmaeceram os esforços!
Descreditei, desde há muito, de sua consistência e por conseguinte não a abraço mais.
Respeito a falência da matéria, calo-me na dor do afastamento, mas, em nenhum momento, dou por findada a tarefa de seguir vivendo.
Mudam os aspectos, os movimentos e as possibilidades, porém, mantêm-se as opções de permanência. E com nenhuma indulgência, liberto-me da dívida do luto para seguir impoluto no contrato divino de seguir existindo através do tempo.

3 comentários:

  1. Caramba, suas palavras tem uma força, vc escreve com tanta certeza e firmeza, gosto muito de ler suas postagens, muito bom, excelente.

    ResponderExcluir
  2. Não te entendo às vezes. Esses textos saem do seu cotidiano ou são frutos da sua excelente imaginação mesmo? Tivestes um "encontro" com a morte? De onde saiu isso????

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Mas Zito, quem não enfrenta a morte todos os dias quando acorda? Esta Senhora espreita somente os que vivem... Sejam meus delírios fruto de vivências ou capacidade inventiva (os dois na minha opinião se misturam todo o tempo), a verdade é que todo ser vivente enfrenta cotidianamente a morte.

      Excluir