terça-feira, 24 de abril de 2012

Teatro de Operações


Sempre pronto o campo de batalha. O vento só espreita a chegada dos que ali lutarão! Independente de ser sol escaldante, noite fria ou dias chuvosos. De um lado, o que vive externo de mim, do outro, o oponente interno de mim mesmo. O primeiro grita pelo que lhe circunda e tenta minar a sua fortaleza. O outro silencia entendendo que a economia das forças é a aliada para a vitória. Aquele que é sempre percebido pelos olhos de terceiros tem que captar o mundo circundante e dar conta dele. Abate-se algumas vezes com as questões e as vicissitudes. Compreende que nem tudo é perfeito e inclusive treme diante de tamanhas complicações.
O outro, aquele mais fechado e ensimesmado, esforça-se por se manter em paz.
Lá fora, o vendaval redesenha os contornos, refaz os projetos, derruba as certezas, em fim, constrói o irregular e não abre mão de manter o previsível. Por sua vez, o combatente interno municia-se para não crer nos solapos exteriores. Sabe que a paz não é o resultado dos conflitos e esforça-se em se manter de pé.
Lá um “eu” sacudido pelas intempéries. Aqui outro “eu” ciente de que nada do que é gerado no plano da matéria é capaz de ser a condicionante do equilíbrio. Só me faltava essa: ter que consolar o meu debatedor a todo instante e, no final das contas, carregá-lo para o meu universo. Não há como retroceder nem pode vacilar a mão que ergue a espada do bom combate! Viva o exemplo Arjuna.
Vamos a isto então!

terça-feira, 17 de abril de 2012

Dream, problems and happiness


Em hipótese alguma, desmereço ou deprecio Martin Luther King, mas rearrumaria a sua célebre colocação: I have a problem! Ou melhor, I have some problems! Sim... não são todos os problemas, mas alguns. São justamente eles que me fazem complementar a filosofia “lutherkinguiana” de poder ter sonhos.
O que seria da vitória se eu não tivesse enfrentado os obstáculos? Não reconheceria (e não saberia diferenciar) o gosto da conquista da complacente morosidade dos dias sem vigilância. E olha que não são desculpas esfarrapadas do conformismo dos atribulados. Não, não são! Acredito mesmo que a graça da vida está na suplantação. Parece jargão, porém, a vida humana não existe se não existem as complicações. Na história deste nosso planeta, apontem-me um só ser vivo que não tenha tido dificuldades para transpor? Se suplantou é outra história! Mas que as teve, ah, isso sim... teve.
Não adianta se esgueirar de uma ou de outra barreira, porque, no final das contas, sempre surge alguma até então insuspeitável que lhe espreitava. Não estou fazendo a apologia do caos na existência. Quero somente deixar às claras o estado de consciência que tenho para “matar meus leões” a cada dia, sem que com isso esteja arriscando a minha felicidade. Não poderia ser feliz pelo que não enfrento ou me esquivo. Esse ânimo de viver não pode estar atrelado aos percalços que a limitação do mundo das relações cria. Em outras palavras, ser feliz é “apesar de”. Felicidade não se restringe ao que se tem ou ao que não se conseguiu adquirir.
Lenta luta leva longe longas longos legados. Este é o resumo de viver: somos um somatório de tudo que aprendemos, e se tal batalha é que conforma o guerreiro, a experiência jamais será retirada da carne dos que combateram. Por essa razão, King, my King... I Have some problems e sou feliz.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Sombra esmaecida


Soou forte, no vento, o estrondoso mote: A morte!
Se quis assustar-me, perdeu a oportunidade, pois não é de susto que eu a alimento.
O meu intento é revertê-la, muito mais do que sorvê-la!
Se queria a sombria manceba palmilhar os centímetros das vidas, aviso-lhe, logo de supetão: não será comigo então!
Vou léguas distantes e no murmúrio do silêncio restante, ouço uma risada amarela e pouco vibrante. Pobre coitada: não mais galopante.
O seu empenho não me refreou o ímpeto, nem ao menos paralisou a consecução dos meus dias.
Se objetivava confundir meus conceitos a respeito, alerto: esmaeceram os esforços!
Descreditei, desde há muito, de sua consistência e por conseguinte não a abraço mais.
Respeito a falência da matéria, calo-me na dor do afastamento, mas, em nenhum momento, dou por findada a tarefa de seguir vivendo.
Mudam os aspectos, os movimentos e as possibilidades, porém, mantêm-se as opções de permanência. E com nenhuma indulgência, liberto-me da dívida do luto para seguir impoluto no contrato divino de seguir existindo através do tempo.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Voltar a fazer


Tenho vivido um dia por vez. Em algumas oportunidades mesmo surpreendido pela minha ansiedade, vejo-me atado às circunstâncias da inevitabilidade do tempo. Reajo externamente, exponho o incômodo através do verbo, mas passado o instante dos acontecimentos, percebo que é inútil gritar. Melhor e mais sábio, para a sobrevivência da paciência, é ficar calado. Mas quem consegue?
Insisto, desisto, suspiro, deliro... meu mix de emoções encontra eco na alma e desfaleço como estratégia inconsciente. Talvez para me manter vivo – play no off : desligo!
Taxativo mesmo, mesmo, nem a morte consegue ser! O destino, este sim, é a sorte de quem encontra resposta para as perguntas que não fez!
Encampa-me a lúcida estupidez de investir novamente no esforço da clareza, que encadeado pelos pensamentos vai costurado pela linha do contentamento de que vale a pena tentar. Agora é sério. Será só desta vez, prometo (até a próxima)! Não tomo jeito!