terça-feira, 27 de março de 2012

Destruição e Reconstrução


Não que a ave grega não tenha seu valor pela imperiosa força de renascimento. A questão focal não é esta. Obviamente que a oportunidade de recomeçar é sempre bem-vinda e reflete uma espécie de concessão supra-real (divina, se quiserem assim chamar) para todo ser vivo.

Entretanto (o que seria do mundo se não houvesse o “entretanto”?), a faculdade de renascer não é espontânea. Advém de uma “ignição” muitas vezes desprezadas por parte dos que olham somente o resultado e se esquecem do processo. Em outras palavras – para não nos acusarem de herméticos –, nenhuma fênix assim seria chamada se não houvesse o fogo que a consumisse antes. Nossa ótica, quanta vez capenga, não consegue perceber que aquilo que “destrói” tem função restauradora e oportuniza o crescimento. Só há espaço para outras chances quando há uma varredura (otimização, se assim preferirem) do antigo. Caso contrário, corre-se o risco de virar amontoado a mesclar velhos, desnecessários, desgastados, finalizados com os novos, inéditos, refeitos e restaurados. Isto embaça a vista e colabora para que na confusão não distingamos (e tampouco escolhamos) entre o servível e o desprezível.

Eis então a função gratificante e importantíssima do fogo que consome e abre claros que garantem a existência da fênix como tal.

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