Lá ia eu,
no dia de ontem, de metrô para o trabalho. Era cedo, apinhados de
gente iam os vagões! Mesmo sonolento, peguei-me surpreso com a cena.
Em um mundo globalizado, onde a necessidade de se falar a mesma
língua (ou seriam linguagens?) parece ser o mote das questões,
deparei-me com uns 50 % dos passageiros com seus fios brancos (ou
pretos) que desciam de seus ouvidos. Simplificando: muita gente
estava ensimesmada escutando alguma coisa nos seus fones. Curioso e
patético, ao mesmo tempo, era ver como ninguém se olhava, nem mesmo
percebia a presença do outro. Comecei a brincar de ver. Um estudante
(deveria ser) com sua bolsa surrada, com a alça que cruzava o peito,
batia na perna como se guitarra tocasse. O jovem new-office-boy (pela
camisa de listras de mangas dobradas) balançava a cabeça no que o
ritmo lhe ditavam diretamente no cérebro. A garota do top amarelo,
preocupada em consertar a postura para não mostrar mais do que já
se estava vendo, tinha os tampões nas orelhas, mas era como se nada
a obstruísse. E assim, uma sucessão de caras e bocas, todas com a
possibilidade de nada interagirem devido à desculpa dos auriculares.
O
silêncio, vez por outra, era interrompido pela “próxima estação”
(next stop) ou pelo celular insistente de uma senhorinha que, meio
surda, gritava para quem estava do outro lado do aparelho (e para nós
também) que iria chegar para o almoço!
Que mundo
é este onde a façanha tecnológica afasta os homens? Não haviam
criado desde as revoluções industriais, cibernéticas e tantas
outras um modo de aproximação?!
Será
então – pensava eu – que no tempo das liteiras, da mesma
maneira, não se comunicavam os que eram carregados para lá e para
cá?
Ó São
Tablet dos Modernosos, Santa Ipad dos Apressados, Nossa Senhora do
MP3, 4, 5, 6, 7 e quantos mais, sei lá! Valei-nos! Desci na estação
e, provavelmente, nem me viram!
Em pouco tempo, estaremos vivendo aquela cena descrita no filme do Bruce Willis " O subsituto" em que criam-se "avatares" como vc quiser, alcançando assim a perfeiçao desejada e interagindo sem nem sair de casa. Como já disse, por isso que prefiro os cachorros! Abs
ResponderExcluirÈ Zito... a questão do "substituto" é quase verdadeira já... O que acontece é que as pessoas estão cada vez mais descompromissadas com a própria natureza humana. Uma pena que esses "avatares" estão distanciados da essência do que compreendemos como "avatar" segundo a linha filosófica indiana. Mas podemos amar os cães e a humanidade tb...Hehehehe
ExcluirÉ verdade, o homem tem menos tempo para o homem, menos carinho e atenção com o homem e a vida passa literalmente desabercebida porque estamos todos antenados com nossos fios brancos e pretos. Triste verdade...
ResponderExcluirLegal o texto, Dani. Eu adoro tecnologia, mas infelizmente esses objetos de distração estao afastando as pessoas. Outro dia assisti o filme da historia do Bezerra de Menezes e a achei muito interessante uma cena na qual a familia estava conversando na sala a luz de velas, após o jantar. Nao existia luz, televisao, videogame, nada. Acho que as pessoas estudavam mais, interagiam mais. Hoje a familia chega em casa, cads um vai para o seu quarto ver tv, jogar videogame, ouvir musica e ate na mesa do jantar todos estao concentrados na tv. E uma triste realidade a qual me incluo tambem. Abs
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