terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A Dama de Copas


Um tanto quanto afoita e gananciosa, achando que o empenho das ações a faria mais poderosa e assistida, certa feita, a Dama de Copas resolveu garantir a plenitude de sua estabilidade e segurança afetivas. Com o ardil da rapidez, recolheu os ícones dos quatro naipes existentes e providenciou um afiado estilete que, com precisão cirúrgica, abriu em cruz os desenhos de Paus, Ouro, Espadas e Copas. O resultado era previsível: cada forma estava agora composta por quatro pedaços. Tomou para si um quadrante de cada naipe e, juntando-os, “inventou” um novo símbolo. Estava criado um novo naipe seu. Só seu!
Era hora de aproveitar a genial ideia. Entretanto, como o nascimento era fruto de um esquartejamento (ainda que havendo aproveitado o que cada um tinha de mais harmônico), não encontrou a pobre senhora eco entre os demais integrantes do baralho. Não havia nas redondezas nenhum outro modelo que pudesse se aproximar daqueles contornos. Nem mesmo ela estampava a inédita heráldica em sua bandeira!
Se anteriormente afastara-se dos seus e desdenhara o restante, tudo em prol de uma necessidade que não mediu as consequências, agora jazia solitária. O desfecho não foi outro a não ser entristecer-se em seu isolamento da tentativa de um ineditismo que não encontrou parâmetros. Entendeu, na dor da própria carne, que a felicidade não é necessariamente a exclusividade ou a novidade, mas sim, a forma como se reinventam as possibilidades do que se tem na vida!

Um comentário:

  1. Olá Daniel, senti sua falta na reunião sábado, vou fazer o mesmo comentário que da última vez, eu li e gostei, mas foi como um soco no estômago rsrsrsrs,bjs

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