Ao abrir a porta,
tropeçou num pequeno ninho. Agachou-se, fitou espantado e curioso ao
mesmo tempo. Quem teria colocado ali o amontoado de palha? Havia
dentro um diminuto pássaro, assustado e faminto. Levou para dentro o
“pacote” (perdido, deixado, esquecido, nunca soube). E aí teve
início o cuidado e a atenção. Correram os dias e a avezinha ganhou
confiança e disposição. Plumagem cheia e reluzente, seu voo era
planador e soberbo. De longe ouvia-se o seu trinar de alegria e
segurança. Havia encontrado guarida e amor. Na esteira do tempo, a
notícia da relação estabelecida entre o menino e o seu pássaro se
espalhou. Muitos para lá acorriam com o intuito de admirar o
espetáculo criado entre os dois. Era bonito de se ver.
Entretanto, atrelado a
repercussão e a fama que se espalhou veio o receio do jovenzinho,
pois tamanha beleza poderia despertar a inveja dos olhos alheios e a
cobiça de terceiros.
Decidiu então resgardar
seu pequeno tesouro de todas as formas. Evitava o sol com muita
intensidade. Embarreirava o vento, impedia o pó da rua, não deixava
abertas janelas nem portas... E a cada dia pensava em uma forma a
mais para proteger o presente caro. Forjou em ferro dourado a mais
linda gaiola que já se teve notícia, com espaço imenso e conforto
de comida, água e poleiros.
Pronto... não corria
riscos de ver sua felicidade exposta ao perigo externo.
Certa manhã, uma das
mais azuis que o dia poderia fabricar, como sempre em sua rotina, foi
alimentar o seu pássaro. Abriu a portinhola e com o assobio de
sempre anunciou o início da jornada.
Silêncio (…)
Novamente, chamou com ar
que entre os lábios passava.
Maior silêncio produzido
ainda após o silvo (…)
Num canto da reluzente
jaula jazia inerte o aveludado animal, cansado de não poder ser que
verdadeiramente ele era: um pássaro a voar.
É exatamente assim a nossa essência...nos aprissonamos em detrimento de valores, conceitos e moral em nome do respeito(...) Ledo engano na verdade tudo isso é em função do medo de perdermos o olhar do outro enquanto amado e muitas vezes por medo do olho da inveja!!! Há porque essa, há que se ter cuidado! Não medo. Medo é uma forma de morremos em vida, se so você pode se responsabilizar pela sua natureza que já nasce aprissionada, seu dever é fazê-la crescer libertando da gaiola interior...O pássaro presente era a possibilidade de crescimento frente a vida...Pelo medo perdeu-se o passaro para a morte e toda possibilidade de crescimento do menino, este carregará consigo a marca, até que; quem sabe um dia possa perceber que aquilo que é ameaça para a vida, se não vivida tornasse convite a morte em vida!
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