A dicotomia faz parte do alicerce da vida. Ai do homem que se deixa
engolfar pela pressão exercida por essa divisão constante. Hora
quando se quer, não se pode, hora quando se pode, não se quer.
Fazer o quê, então? Drama? Dilacerar-se? Magoar-se ou magoar? Perda
de tempo. Devemos coadunar os momentos em que a tranquilidade nos
acena com os instantes em que os desejos e os planejamentos se tornam
inexequíveis.
Quem, dentre nós, nunca passou pela situação de desencontro entre
o que pensava ser o ideal e aquilo que encontrou na incompreensão
generalizada dos homens e dos acontecimentos? Pois é isto, sem tirar
nem por! Somos o somatório das alegrias (quando tudo concorre para
nos atender) e das tristezas (quando chafurdam as nossas
expectativas).
Porém, eu lhes pergunto: Quem morrerá por não ver satisfeitos os
seus caprichos? Morre sim, mas morrem as ilusões. Estas... ora,
ora..estas são assim mesmo...nascem e fenecem. Foram feitas para
isto!
No crepúsculo delas, abrem-se os sulcos na terra da esperança para
que mais tarde possam brotar novas construções de vida.
De par em par, abro as portas da minha existência e reconheço,
firmemente, que não terei tudo do jeito que penso, até mesmo
porque, meus pensamentos também passam e no escorrer da areia do meu
tempo se transformam e me fazem crescer.