terça-feira, 11 de setembro de 2012

Da série "Pelas ruas" - 1


E lá vinha eu, descendo a ladeira, nem tão íngreme assim, daqueles dias em que você acorda e, meio sem gás, pensa que o melhor teria sido não levantar. Olhar nem cabisbaixo poderíamos dizer, pois os olhos não estavam direcionados... perdidos, talvez, na confiança de se ensimesmar. Quando, pelo golpe fortuito do susto, tropecei na jovem senhora que, na direção oposta, vinha tranquila e segura de si.
Ops, desculpe” foi o mínimo, com o máximo de esforço, que saiu em som. A contra-resposta, suave e segura, não longe do esperado “bom dia”, fez-me parar e, reconhecendo a vergonha do tranco, romper a barreira do meu cansaço. Iniciamos a conversa:
  • Olá.. Vejo que o senhor vai por aí, ir por indo...
  • De verdade, hoje nem indo mesmo vou. Se deslocamento é ir, só por isso estou indo.
  • Prazer. Paciência meu nome. Eu que encontro tantos desencontros, que esbarro em diversos colididos do próprio ânimo, sei o que me diz e o quanto isso lhe pesa.
E lá se foi ela, ladeira acima, deixando-me com a pulga atrás da orelha: É... quando o homem pensa que não será retirado da sua zona de inércia, eis que lhe atropela a sentinela das vivências escondidas nos mais recônditos porões de você mesmo! Paciência!

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