terça-feira, 3 de julho de 2012

Guru Purnima


Rasgavam a escuridão da noite as luzes das estrelas que, serpenteando o céu, abriam caminho para que se elevasse, imponente, a luz cheia. Sentado à beira do riacho, o menino Ganapati movia em círculos, com seu pequeno dedo, as águas cintilantes. A mirada fixa no movimento deixavam entrever, no brilho dos olhos, que era noite especial.
O coração havia descoberto que a paz ali sempre fizera morada e que o cansaço das muitas caminhadas no intento de encontrá-la teve fim quando reconheceu em si mesmo o oásis da vida.
Naquele intervalo dos afazeres, os lampejos das empreitadas iam e vinham de sua mente. Rememorava a quantidade de vezes em que suplicou à existência para que ela lhe mostrasse o caminho. “Onde mais posso buscar?” Parecia um deserto sob cálida temperatura ou um estéril terreno o movimento de atingir a imorredoura sensação da eternidade. Nem mesmo a sombra da morte parecia-lhe, em outros tempos, a solução adequada. Ouvira dizer, inclusive, que interromper o próprio alento era postergar a solução da redenção.
Quanto mais revivia a peregrinação, mais o movimento da mão submersa na correnteza formava desenhos simétricos. Respirava com a tranquilidade de quem conquistara a vitória sobre si mesmo. Ganapati era agora sereno e recompensado.
Deitava sobre o jovem alongadamente recostado na relva a luz do luar, prateando a vida de quem sabia, na alma, que havia encontrado o dissipador da sua ignorância. É noite de Guru Purnima, Hare!

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