Rasgavam a escuridão da noite as
luzes das estrelas que, serpenteando o céu, abriam caminho para que
se elevasse, imponente, a luz cheia. Sentado à beira do riacho, o
menino Ganapati movia em círculos, com seu pequeno dedo, as águas
cintilantes. A mirada fixa no movimento deixavam entrever, no brilho
dos olhos, que era noite especial.
O coração havia descoberto que a paz
ali sempre fizera morada e que o cansaço das muitas caminhadas no
intento de encontrá-la teve fim quando reconheceu em si mesmo o
oásis da vida.
Naquele intervalo dos afazeres, os
lampejos das empreitadas iam e vinham de sua mente. Rememorava a
quantidade de vezes em que suplicou à existência para que ela lhe
mostrasse o caminho. “Onde mais posso buscar?” Parecia um deserto
sob cálida temperatura ou um estéril terreno o movimento de atingir
a imorredoura sensação da eternidade. Nem mesmo a sombra da morte
parecia-lhe, em outros tempos, a solução adequada. Ouvira dizer,
inclusive, que interromper o próprio alento era postergar a solução
da redenção.
Quanto mais revivia a peregrinação,
mais o movimento da mão submersa na correnteza formava desenhos
simétricos. Respirava com a tranquilidade de quem conquistara a
vitória sobre si mesmo. Ganapati era agora sereno e recompensado.
Deitava sobre o jovem alongadamente
recostado na relva a luz do luar, prateando a vida de quem sabia, na
alma, que havia encontrado o dissipador da sua ignorância. É noite
de Guru Purnima, Hare!
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