Não que a ave grega não
tenha seu valor pela imperiosa força de renascimento. A questão focal não é
esta. Obviamente que a oportunidade de recomeçar é sempre bem-vinda e reflete
uma espécie de concessão supra-real (divina, se quiserem assim chamar) para todo
ser vivo.
Entretanto (o que seria do
mundo se não houvesse o “entretanto”?), a faculdade de renascer não é
espontânea. Advém de uma “ignição” muitas vezes desprezadas por parte dos que
olham somente o resultado e se esquecem do processo. Em outras palavras – para não
nos acusarem de herméticos –, nenhuma fênix assim seria chamada se não houvesse
o fogo que a consumisse antes. Nossa ótica, quanta vez
capenga, não consegue perceber que aquilo que “destrói” tem função restauradora
e oportuniza o crescimento. Só há espaço para outras chances quando há uma
varredura (otimização, se assim preferirem) do antigo. Caso contrário, corre-se
o risco de virar amontoado a mesclar velhos, desnecessários, desgastados,
finalizados com os novos, inéditos, refeitos e restaurados. Isto embaça a vista
e colabora para que na confusão não distingamos (e tampouco escolhamos) entre o
servível e o desprezível.
Eis então a função
gratificante e importantíssima do fogo que consome e abre claros que garantem a
existência da fênix como tal.