Ingressos comprados, casa cheia. Apreensão natural dos instantes
iniciais. Os três toques anunciam que é chegada a hora. Aberta a
cortina, não havia retrocessos. Ausência de som em toda a plateia.
No centro do palco, um foco que se ampliava e o feixe de luz ia
consumindo o breu lentamente até que se surge por completo a
personagem.
Tinha início a peça.
O vazio do entorno dava ares ainda mais abissais ao espaço, ocupado
somente por uma única peça – eu! A árdua tarefa era
clara: deveria sozinho ser capaz de preencher toda a área.
A
voz tronante (em off)
faz a leitura dos autos da peça
e assim o enredo se esclarece. Tratava-se da minha vida. O movimento
do corpo, como quem busca encontrar cada peça
do grande quebra-cabeças, tateava cada centímetro do chão ainda
escuro. Levava no corpo uma peça
leve de algodão pouco talhada, mas não mortalha que ganhava peso na
medida em que me deslocava. A primeira fala abria o tempo da
discussão: “Que ninguém me peça
explicação! Nem eu a possuo, pois então!”
O vazio do entorno do eu...Amei!
ResponderExcluirPois é, minha grande amiga. Não é a solidão do sozinho, mas o vazio que nos garante uma certa distância do mundo! Beijos..saudades de vc!
ResponderExcluirAmo os seus escritos;bate fundo na alma entre solidão e questionamentos! Razão para quê?
ResponderExcluirBesos!
De novo o cenário!!! É saudade?
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