terça-feira, 21 de junho de 2011

Por onde anda o poeta?

Revisitando as palavras do doce e angustiado Bandeira, reedito-as nos seguintes termos de alerta inicial: não sou poeta menor, que dirá poeta! Mas quero crer (e até prova em contrário não abro mão da crença) que existe aquele que escreve e aquele que, independente do que escreve, vive! São dois entes!
Ficou confuso? Tento explicar:
Palavras e traços lançados no alvo alvo pertencem a um deles. O que não quer dizer necessariamente que são o espelho do outro. Ninguém estabeleceu esta regra de reciprocidade para a poesia. E fadaria ao fracasso caso assim lhe fosse imposto. Não só cercearia a criação, como impediria o sonho.
Que blasfêmia infame a de associar os versos ao punho que tão somente sustentou a pena! Imaginemos, pois, a seguinte cena:
O indagador tentando desfazer a confusão,
Pergunta ao versejador em primeira mão:
- O que quis dizer com suas linhas?
Eis que brota a resposta “Não são minha!”
- Não falei minhas e sim linhas!
- Pois bem entendi e lhe disse que não são minhas!
- Ora pois, de quem então?
- Suas são!
- Minhas?
- Meu rapaz! Por que a indagação? Não perguntes mais. É vão!
- O que faço com a dúvida que me consome?
- Larga a busca do pertencimento de nomes
E, se sagaz consegues ser,
Desfruta do que os teus olhos podem ler.

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