O desavisado ou, pelo menos, aquele que se furta a aventura de viver seria capaz de achar estranha a cena. Caso a estranheza ultrapasse às raias da razão, diria ser loucura e desconexão. Mas, a bem da verdade, só quem nunca se arriscou chegaria a tal conclusão.
A mesa, muito bem posta, coloca em régua milimétrica os objetos em imagem refletida. De cada lado, as cadeiras recebem os jogadores que contendo a tensão necessária e capaz, fazem os movimentos segundo o que as suas condições lhes permitem para que não demonstrem vacilações ou improdutividade.
O tabuleiro, alternadamente branco e preto, estimula os apressados a emitirem suas opiniões sobre divertimento. Porém, cabe-me o tino de descrever, nos pormenores, tudo que envolve a questão.
As peças que povoam o lado direito são redondas e achatadas, cabendo por completo em cada “casícula” alva e negra – eis o jogo de damas.
Na outra extremidade, surgem os elevados elementos (torres, cavalos, rei, rainha, bispos e peões) que movidos no limite dos deslocamentos encontram barreiras espaciais – e não especiais – para seguirem em frente! Ali está o xadrez!
Tomando assim de susto, havemos de concordar que não há como aceitar o prosseguimento do embate, pois jogos diferentes, regras outras!
Equívoco pontual de quem desconhece os motivos. Ou seja, a dois, por mais que possa parecer a terceiros algo impossível e estranho, sempre existirão acordos específicos de convivência e por mais disparatada que se mostre a situação, somente os envolvidos asseguram a manutenção do que se propuseram jogar. É estabelecer, num âmbito privado, os sinais de construção do que estabeleceram como meta. Em suma, chamam a isto de casamento.
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