terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Presente do Indicativo

Permita-me, caro Andrade, revisitar a sua assertiva e, retocando-a, dizer: amar é verbo no Presente (e do Indicativo, ainda por cima!). Aquele que se arvora a pronunciá-lo no pretérito deveria rever o que sentiu, pois, provavelmente não tem a compreensão exata daquilo pelo qual estava passando.
Quem ama guarda numa espécie de hiato do “agora” a coleção das vivências e descobertas mais significativas que se pode ter. Quem ama aprende a abrir espaços em suas reticentes manias e vícios para não ofender o alvo do amor e busca também, ao mesmo tempo, uma forma de dar explicações para o fechamento das tantas outras possibilidades que contrariam os seus desejos. Para amar, o homem se esmera em ser o que talvez ainda não é, mas crê no vir a se transformar. Quem ama agrega quando lhe convém e tem o dom de espalhar quando não consegue se manter na posição da conquista. O tempo de amar é o jogo que transita entre o laço e o cofre. Ao amar, desfila-se pelas ruas com o sorriso exposto da exibição na mesma medida em que se mantém alerta os sentidos que fazem recuar frente às ameaças ladinas dos olhares alheios. Três, pelo menos, são as chances de amar:
- Ao pensar que não foi amor, esforço-me em construir profundos calabouços para aprisionar o que me enganou.
- Se, distraidamente, no recôndito dos pensamentos me escapa um “amei”, é porque não era amor.
- Mas se amo, cansa-se o vento das tantas vezes em que lhe lanço as palavras.
Então, pelo axioma da ilógica experiência, se amo (no Presente), é porque entendo que amar é verbo de verdade!

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