Vasculhando a vida, e isso é coisa de enxerido mesmo, surpreendi-me
com as peripécias dos meus dias e notei, despretensiosamente, que
não tenho nada do que me arrepender. Mas acalmem-se. Não disse que
só fiz coisas certas. A conclusão a qual cheguei é a de que, no
final das contas, todos os caminhos adotados, as escolhas feitas, as
emoções vividas e tudo o mais tiveram serventia e valia (e
continuam tendo).
Confesso que, no início das divagações, achei meio estranha
assertiva de que de nada me arrependo. Entretanto, ainda no viés das
especulações, brinquei de averiguar através da famosa brincadeira
“o que teria sido se …” e logo percebi que:
Se eu não tivesse feito besteira, não tinha conhecido gente
maravilhosa e importante no período pós-traumático.
Se eu não tivesse errado o preenchimento do cartão do vestibular,
não teria a satisfação profissional que tenho.
Se não tivesse me incomodado com alguns conceitos e dogmas, não
estaria na esteira da minhas busca do autoconhecimento.
Se não tivesse brigado com algumas pessoas, não descobriria o
quanto são importantes para mim.
Se não tivesse exagerado na dose do crescimento, não teria
mergulhado mais fundo.
Se não tivesse escutado a harmonia das canções, não teria aguçado
o feeling para os acordes do mundo.
Se não tivesse tropeçado e me enganado em alguns sentimentos,
julgando serem eles os mais puros, não seria eu a escrever este
texto.
Enfim... Dentro de tantas conjecturas, o mais importante é que não
houve espaço para que eu encontrasse uma razão de remorso pelos
dias que até hoje eu vivi.